Se você tem TDAH e já sentiu uma dor intensa ao perceber que alguém se afastou, saiba que não está sozinha. Esse sentimento pode ser avassalador e, muitas vezes, desproporcional à situação. Mas por que isso acontece? O que torna a rejeição tão dolorosa para quem tem TDAH?
Neste artigo, vamos explorar essa questão e entender como a neurobiologia do TDAH influencia nossa percepção da rejeição. Também trarei estratégias para lidar melhor com esse sentimento e fortalecer sua autoestima.
O que é a Disforia Sensível à Rejeição (DSR)?
Uma das principais razões pelas quais pessoas com TDAH sentem a rejeição de forma tão intensa é a Disforia Sensível à Rejeição (DSR). Esse termo descreve uma resposta emocional extrema a qualquer sinal (real ou imaginado) de rejeição, crítica ou exclusão.
Quem tem DSR pode experimentar:
Ansiedade intensa diante da possibilidade de desagradar alguém;
Dor emocional profunda ao perceber afastamento de amigos, parceiros ou colegas;
Reações impulsivas, como afastamento repentino ou necessidade de buscar reafirmação constante;
Autocrítica severa, sentindo-se “errado” ou “insuficiente” sempre que há um sinal de rejeição.
Essa hipersensibilidade à rejeição pode afetar relacionamentos, autoestima e até mesmo o desempenho profissional.
A conexão entre TDAH e rejeição
O cérebro de uma pessoa com TDAH tem diferenças na regulação da dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer, à motivação e à sensação de recompensa. Quando percebemos rejeição, os níveis de dopamina podem cair abruptamente, intensificando a sensação de dor emocional.
Além disso, muitas pessoas com TDAH carregam experiências de infância marcadas por críticas constantes, dificuldades sociais e frustrações acadêmicas. Isso pode criar um padrão de hipervigilância, onde qualquer sinal de afastamento é interpretado como um risco iminente de rejeição.
Como lidar com a dor da rejeição?
Embora a rejeição seja uma experiência universal, existem formas de tornar essa dor mais gerenciável. Aqui estão algumas estratégias:
Identifique padrões emocionais
Quando sentir uma onda de angústia após um afastamento, pergunte-se:
A situação realmente indica rejeição ou é apenas uma percepção minha?
Já vivi momentos parecidos antes? Como reagi?
Essa dor está ligada ao presente ou a algo do meu passado?
Essa autoanálise pode ajudar a diferenciar uma rejeição real de um medo internalizado.
Reforce sua autoestima
Uma autoestima forte reduz a necessidade de validação externa. Algumas práticas que ajudam incluem:
Autocompaixão: trate-se com a mesma gentileza que daria a uma amiga querida.
Journaling (escrita terapêutica): registre seus sentimentos e padrões emocionais para compreendê-los melhor.
Foco no que você controla: em vez de se preocupar com a opinião dos outros, concentre-se em seu próprio crescimento.
Crie estratégias para momentos de crise
Se perceber que a dor da rejeição está muito intensa, tente:
Praticar a respiração consciente, reduzindo a ansiedade;
Entrar em contato com alguém de confiança, evitando agir impulsivamente;
Distrair-se com uma atividade prazerosa até a intensidade da emoção diminuir.
Fortaleça sua rede de apoio
Relacionamentos saudáveis e compreensivos são fundamentais. Busque pessoas que respeitam sua neurodivergência e que valorizam sua presença. A troca com outros neurodivergentes também pode trazer acolhimento e identificação.
Considere apoio terapêutico
Se a dor da rejeição está impactando sua vida, um acompanhamento terapêutico especializado pode ser essencial. Trabalhar essas questões com um profissional que entende o TDAH e suas particularidades faz toda a diferença.
Você não está sozinha
Sentir a rejeição de forma intensa não significa que há algo de errado com você. Seu cérebro apenas processa essas experiências de maneira diferente. Ao compreender essa dinâmica e aplicar estratégias para lidar com ela, é possível fortalecer sua resiliência emocional e construir relacionamentos mais seguros e saudáveis.
Se você deseja apoio nessa jornada, saiba que meu trabalho é justamente ajudar mulheres neurodivergentes a encontrarem equilíbrio e bem-estar, respeitando seu funcionamento único. Se precisar de acolhimento e orientação, estou aqui para te ajudar.